sexta-feira, 15 de abril de 2011

Educação na modernidade

A modernização não carrega consigo a modernidade, não há homogeneidade ou uma sintonia absoluta e obrigatória. É certo que uma não impõem a outra, mas, tanto quanto não está errado dizer que estão em paralelo e que suas linhas se cruzam em vários momentos. Iniciando pelo exemplo negativo, pode-se trazer à mente o fato de que a maioria das sociedades tradicionais (ou apegadas a tradições), como Talebã, ou países como o Irã, impõem forte censura às tecnologias de comunicação (como o celular e o acesso à rede). Do que se subentende que a modernização traria a modernidade e consigo uma grave ameaça às mesmas tradições que querem ver preservadas.
Os exemplos positivos de confluência também são variados, a exemplo de uma “tecnologia do poder” que levou ao Estado-Nação e outras “tecnologias de suporte”, como a prensa (que gerou a imprensa), a bússola e o aperfeiçoamento do binóculo (por Galileu) e que muito auxiliaram no processo das grandes navegações, na descoberta do Novo Mundo e na própria expansão do capitalismo (o que supõe mais inovações e transformações dos chamados meios de produção).
A MODERNIDADE trouxe “novos” valores e mais conflitos, como a recusa do “pensamento metafísico” e a procura por um “paradigma científico”, destacando-se a “pluralidade” e a “conflitualidade” (depois a incerteza e a fragmentação: ora chamada de Teoria do Caos, ora apropriada à “pós-modernidade”). Também nos trouxe outro “tipo” de conhecimento e de distinções acerca da realidade, obrigando-nos a abrir o leque da compreensão. Tomemos o conjunto abaixo apenas como exemplificação do conhecimento que nasceria junto ao “Novo Mundo”:
GNOSIOLOGIA: ramo da filosofia preocupada com a validação do conhecimento em função do sujeito cognoscente (“o que é capaz de conhecer o objeto”). Porém, não é sinônimo de AUTOPOIÉSIS (termo criado pelos chilenos Humberto Maturana e Francisco Varela): designa a célula enquanto algo "auto-criado": mas isso poderia ser apenas idiossincrasia. Porém, se “o sujeito só é, quando encontra-se no Outro” (sem isso, não há educação, nem sociabilidade e nem política), logo, complementa-se pela ontologia: tem o foco no ser e não no objeto - sem perder-se na divisão “positivista” entre sujeito e objeto.
A ONTOLOGIA trata da natureza do ser, de sua realidade, da existência dos entes: ontos+logoi = "conhecimento do ser". “A ontologia tem por objeto o estudo das propriedades mais gerais do ser”: apartada da infinidade de “infra-determinações”, não procura qualificá-lo particularmente. Também não se confunde com a EPISTEMOLOGIA ou teoria do conhecimento (do grego episteme: ciência, conhecimento; logos: discurso). Estuda ainda a origem, a estrutura, os métodos e a própria “validação do conhecimento” (daí a Filosofia do Conhecimento). E nem se confunde com a METAFÍSICA (do Grego meta = depois de/além de e physis = natureza ou físico). “A metafísica estuda o mundo como ele é”: é o estudo do ser ou da realidade. Procura responder perguntas como: O que é o real?
A modernidade, portanto, precisaria redefinir seus padrões também para a Educação — uma DEFINIÇÃO DE EDUCAÇÃO ÉTICA, isto é, uma Educação integral (permanente), no sentido da “socialização não-excludente”: uma educação em que alunos e professores compartilhassem de uma visão de mundo de aproximação: de “legitimação da coisa ensinada” – e não como um “conhecimento estranho”. Uma educação com visão de mundo de aproximação ou de “convicção”: tornar o Outro convicto de que se fala ou, ao menos, busca-se a verdade. Uma educação em que “alunos e professores queiram convencer-se e não vencer”: (como na disputa política).
Uma EDUCAÇÃO REPUBLICANA, em que o compromisso sociológico do educador será político (não-partidário), mas focado em reconhecimento, convicção e validação da procura da verdade e do Outro. Uma educação política, mas não para se viver da política e sim para a política. Por isso não cabe o famoso “Alea iacta est” (“a sorte está lançada”), exatamente para que a autoridade educacional não fale como general: “A mãe do covarde não chora” ou, então, “isso é bom de se aprender, mesmo com o inimigo” (Ovídio). Esta “arte da educação”, oposta ao “realismo político”, está em contraste com o antigo provérbio da “arte da conquista”: O conquistado de luto, o conquistador à vontade.
Então, que seja uma educação capaz de transformar necessidades em oportunidades para ser livre. Uma educação em que o mais importante seria perceber qual o projeto humano que está direcionando o atual “processo civilizatório”.

 Revista Jus Vigilantibus, Terça-feira, 4 de dezembro de 2007 

(Postodo pelo grupo de Educação na modernidade : Danilo, Lays, Lucas, Maria Luiza, Samara, Tainá, Vanusa)

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