quinta-feira, 3 de março de 2011

"É PROIBIDO PROIBIR..."

"É PROIBIDO PROIBIR..."*
HOLGONSI SOARES
Professor Assistente do Depto. de Sociologia e Política - UFSM -
*Publicado no jornal "A Razão" em 22.08.97

"é mais fácil desagregar um átomo do que os preconceitos"
(Albert Einstein)


A questão da tecnologia tem causado um grande impacto na escola (em todos os níveis). Isto explica-se devido a enxurrada de elementos novos e a exacerbação de antigos que, advindos do avanço tecnológico têm proporcionado rupturas e/ou superposições definidoras de um novo paradigma neste final de século/milênio. Porém frente ao mesmo, é extremamente reduzido o número de professores que buscam um entendimento sobre os desafios que já está enfrentando, com o objetivo de traçarem uma linha de ação condizente com a realidade que estão inseridos. A maioria, frente aquele impacto, prefere continuar arraigada a uma concepção de educação, política, ciência... enfim, mundo, que não possui mais sustentação. Divididos em "pessimistas tecnológicos" (que como diz A.Jabor: "são os paranóicos que acham que o neoliberalismo é uma trama da IBM e da Microsoft em Washington") e "indiferentes tecnológicos" (nada faz parte de nossa realidade; tudo está muito distante, "lá... nos países desenvolvidos"), os professores conseguem apenas exercitar a consciência ingênua, sob cujas asas foram criados, e com isto seus preconceitos em relação "ao diferente" fazem da escola um local que limita a imaginação criadora, a consciência crítica e consequentemente o desenvolvimento global das inteligências.
Um exemplo ilustrador: na reportagem sobre o tamagotchi ("o mascote virtual..."-ZH-17/08), "banido da sala de aula", a Psicóloga Denise Maia, concordando com a "banição do animalzinho cibernético" , afirma :"(...) As escolas tiveram de proibir. Mais uma vez foram os educadores que souberam estabelecer limites(...)". Vamos esperar agora, a reação dos professores frente ao lote de 6.060 computadores de última geração que chegarão as escolas e serão ligados à Internet. Talvez farão piquetes capitaneados por slogans do tipo: "neoliberalismo", "imperialismo cultural", "fora globalização", "pós-modernidade reacionária"... impedindo a instalação destes produtos diabólicos do capitalismo(!).
Das séries iniciais à pós-graduação, a escola sempre foi perfeita nisto. A tudo que é novo, desafiador e complexo, responde com "proibições"; quem colabora com isto ainda recebe o nome de "educador". É mais fácil/prática esta atitude, do que redefinir a prática educativa a partir dos desafios da realidade histórica concreta, pois para isto, (em todos os níveis), é necessário um questionamento constante sobre: "Educar - como?, para quê?, o que?" (T.Adorno) . Com certeza as respostas não serão padronizadas, muito menos fixas, menos ainda iguais as de uma década atrás, e que foram sacramentadas por uma estrutura burocrática autoritária que se vangloria de " saber estabelecer limites".
O avanço tecnológico não é anterior ou posterior a outras problemáticas da escola (estrutura física, baixos salários, pobreza dos alunos...). Não é após a resolução destes que se deve pensar naquele, mas sim concomitantemente, pois do contrário é que estamos colaborando para manter nossa eterna posição de "submissos". A crítica autêntica só é possível através da participação ativa no processo. Com relação as inovações contemporâneas e a escola, a Dr.a Léa Fagundes(UFRGS) tem toda razão: "a escola é uma das instituições mais reacionárias". As inovações podem enriquecer e dar vida ao ambiente educacional; como diz Léa, "dá para fazer muita coisa, só o que não dá para fazer é proibir". Portanto, para uma escola que sempre proibiu, a ordem agora (num espaço-tempo globalizado) é: proibido proibir... pensar, falar, questionar, criticar/discordar, criar/mudar/inovar... Nossos alunos e a sociedade agradecem.

  (Postado por Liana Genuncio Silva - 1º Período de Licenciatura em Ciências da Natureza)

4 comentários:

  1. Este Texto foi publicado em 1997, e mostra a Repugnância de muitos "educadores" para com a Tecnologia, principalmente quando esta era trazida para sala de aula pelos próprios alunos. Atualmente, ainda pode-se encontrar muitos professores que preferem manter um certo distânciamento dos recursos tecnológicos. Iternet, laptop, data show, Televisão,jogos eletrônicos, enfim uma série de ferramentas e recursos que deveriam ser utilizados pelos professores, na verdade não são. O desenvolvimento técnológco faz com que as pessoas se comuniquem de forma diferente, e como o professor deve lhe dar com isso? Ao invés de Proibir ou criticar ( como exposto no texto ) os professores devem aderir a tecnologia e se qualificarem para tal.
    (Liana G. Silva)

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  2. Eu acho que os recursos disponíveis estão sendo mal utilizados. Não sei como será essa situação quando eu estiver exercendo a profissão, mas se fosse hoje, eu não usaria a tecnologia da forma que está sendo utilizada. Ainda gosto do método antigo, de pesquisas em livros, de escrever no caderno, de ter um professor na sala de aula explicando, tirando dúvidas... Na minha opinião, já que os recursos tecnológicos estão disponíveis, devem ser utilizados sim, mas quando houver necessidade, porque é bem comum hoje em dia vermos aulas em que os professores põem um material, seja visual ou audiovisual, e não explicam ou explicam mal o que está ali, abusando, assim, da tecnologia diposta a eles. As aulas acabam ficando chatas, pois todos pensam "ler, eu leio em casa". Esse método dispersa nossa atenção e nosso interesse na aula. Digo "nosso" porque acredito que não sou só eu que penso assim.
    (Mannuella Gomes)

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  3. A Internet, com todas as suas ferramentas, é uma grande aliada à prática docente. Contudo, a maioria dos professores ainda não percebeu (ou não quer reconhecer) isto. É inegável que é preciso oferecer formação para professores para que possam integrar as tecnologias em sua prática pedagógica.

    (Esthfany Andrade)

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